quinta-feira, 8 de novembro de 2012

1. O Nariz é como o ralo da banheira


O nariz é como o ralo da banheira.

Recordo-me de na minha infância, ver um teatro infantil, como convinha, sobre o corpo humano, em que se demonstrava com graça e por A+B que o corpo humano estava todo errado. Todo menos o nariz, que à parte de estar no sítio errado, pois na habitual localização fazia com  que se batesse com o mesmo na porta, tinha a sua posição muito acertada, pois se as narinas estivessem viradas para cima, quando chovesse era uma desgraça, inundava-se a cabeça toda por dentro. Depois disso, salvo alguma borbulha juvenil ou alguma constipação mais afoita deixei de dedicar a minha atenção ao nariz.
E permaneceu o nariz em paz até há poucos dias, em que me perguntou: pai, como é que funciona o nariz, tendo em mente uma amigdalite A explicação foi discorrendo em diálogo que passo a sumarizar.
O nariz é uma coisa interessante. Em primeiro lugar prende os micróbios (estas conversas envolvem sempre micróbios) que andam no ar, os micróbios e os pozinhos e outras porcarias que existem no ar. Os micróbios tentam entrar e ficam presos lá dentro, depois vêm os glóbulos brancos do sangue e atacam os micróbios, que morrem e secam. Depois vem o ranho, embrulha tudo e deita-os cá para fora. É assim que se formam os macacos do nariz.
Macacos do nariz, cocós e xixis são sempre pontos altos de qualquer conversa, que atinge os píncaros do delírio se houver uns puns pelo meio. É assim como o "teaser" do capítulo seguinte da novela ou o anúncio da popota. Faz sucesso e assegura que a conversa não se desvia.
Mas o mais interessante do nariz é que é capaz de se lavar a si próprio e à garganta, porque os micróbios que entram pela boca juntam-se na garganta e depois fazem doenças na garganta. Quando esses micróbios morrem, lá vem o ranho e o cuspo empurrar tudo e nós espirramos e eles saem disparados.
- A não ser quando temos o nariz entupido.
Pois, o nariz às vezes entope, cheio de ranho e macacos do nariz  que são micróbios mortos e os outros pozinhos minúsculos que andam no ar.
Nessas alturas é como se fosse uma banheira, o nariz faz a lavagem dele próprio e da garganta, como nós tomamos banho para ficarmos limpo, mas quando o ralo está fechado faz uma piscina e a porcaria não sai da banheira. Quando os macacos são muitos o ralo está fechado. Quando nos assoamos, destapa-se o ralo e a porcaria sai toda. Por isso, porque o nariz é como o ralo da banheira, é que é importante assoarmo-nos para não ficarmos doentes.






Prólogo: devias escrever isso

Devias escrever isso, disse-me. Pareceu-me bem, a sugestão. A dificuldade maior apresenta-se na forma de preguiça, a que se juntará a desorganização dos papeis e a desurgência destas coisas, tão miúdas como importantes.
Vou tentar, começando por aqui, em estilo bloco de notas, sem pontas que liguem as coisas, e onde as ideias poderão repousar sem compromisso. Talvez amadureçam e um dia sejam compiláveis em qualquer coisa que se veja. Quando (se) tiver corpo, apelarei a quem o saiba e possa, uns bonecos, que isto assim mais colorido, teria alguma piada.