sexta-feira, 31 de maio de 2013


Numa mais destas noites de histórias para adormecer, a história grande é "o meu primeiro Miguel Torga"
Um livro delicioso, cheio de surpresas.

A cada poema antecede uma explicação em torno da realidade do poeta e dos seus pensamentos, sentimentos e valores.

Na série do dia em causa estavam três ou quatro poemas. O Brinquedo foi tema de conversa tardia, porque o sono e a disciplina, o acordar resmungão não podem ser razões para se deixar perder investir tempo num poema como este. Linear e mágico, da liberdade  materializada no corte da estrela de papel que pela magia do poema e do sonho se supera, tal como se superou pela ação libertadora, contrariando a possessão, o seu ator.


O brinquedo


Foi um sonho que tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ía subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel,
E o menino ao vê- la assim, sorriu
E cortou- lhe o cordel.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Eu quero

"Eu quero", com um imperativo não de comando nem de exigência, mas de causa lógica e natural. "Eu quero" e essa é a causa do mundo girar, e se "Eu quero" acontece, e se não acontece, é porque o mundo está ao contrário.
Do egocentrismo natural à digestão da frustração, porque eu sei, nós sabemos que não basta querer, que essa é causa mas não efeito de alcançar e menos ainda de ser. Eu quero logo é. Estado puro de um egocentrismo em estado de pureza que só se tem aos 3 anos, quando já se sabe que se pode, que se pode poder, mas ainda não se desbravaram os caminhos que permitem alcançar o sucesso da vontade, e por isso quando se quer de verdade, há-de ser. Querer é ser. E não ser é frustrante.
Como o é ver querer e não poder. Levantar e cair, sabendo que é possível ficar de pé e caminhar.
Como se ensina a frustração de forma positiva? Como se mostra que os caminhos da vida estarão cobertos de pedras aguçadas sem com isso causar dor, sem matar o desejo de ser, de ser capaz acreditar que o que se quer é, que o que será, só o será porque se quis???