quarta-feira, 25 de junho de 2014

O futuro pertence às crianças. Hoje, já!

Chegamos tarde a casa, são já horas de jantar, o cansaço pesa-nos e não há energia para, além das tarefas obrigatórias ir cozinhar um jantar, mesmo que improvisado.
Num gesto de renúncia às tarefas domésticas apelei ao consenso do lar:

- Filhos, já é tarde, estamos cansados e temos restos no frigorífico. Importam-se de jantar o mesmo que ontem?

A mais velha acede, sem ter mesmo ouvido o que tinha sido perguntado. Mas o mais novo, também vitima do cansaço, liga o modo de birra reivindicativa:

- Eu não quero comer o jantar de ontem!!!

A coisa não vai bem, mas confiante na minha diplomacia apelo à cooperação e peço sugestões construtivas, esperançado que a alternativa apresentada seja simples e rápida…

- E então o que queres comer?

A resposta veio pronta e assertiva:

- O jantar de amanhã!


A lógica linear do miúdo - se o jantar e hoje é igual ao de ontem, quuero o de amanhã que é diferente - aliada à firmeza da posição, anulou qualquer possibilidade de resposta da minha parte. Derrotado, aceitei, esgotado, que o futuro pertence às novas gerações, capazes que são de exigir que o futuro seja hoje, agora, fazendo-nos pensar que no nosso tempo, quando tínhamos a idade deles, já éramos uns conservadores alinhados com o sistema e que se andámos a comer sopas e legumes, contrariados, apenas à nossa falta de visão e capacidade reivindicativa o devemos. 

Jantámos os restos, mas com redobrada confiança no futuro e um pouco menos de cansaço.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Libertem os quadros do Miró!


Como tem acontecido nos últimos anos lá na escola, também este ano os meninos e meninas da sala de jardim de infância do meu filho estão a trabalhar as artes plásticas. Desta vez escolheram um artista para recriar as suas obras e conhecer um pouco da história da sua vida.


Acontece que o artista escolhido, muito provavelmente pelo seu grafismo simples e abstracto, foi o Juan Miró. Pergunta para cá pergunta para lá e os meninos quiseram saber se podiam ir ver os quadros. "Onde estão os quadros do Miró?" Desconheço, mas adivinho a resposta a que chegaram, uns estão em Espanha na Fundação Miró e outros em França, em museus. Alguns até estão em Portgual, aqui mesmo em Lisboa, fechados num cofre e ninguém os pode ver. 
“Isso é que não pode ser!”, quem lá os pôs e com que direito?, os quadros são para serem vistos!, ai os egoístas! e vai daí, os meninos da sala de Jardim de Infância da escola do meu filho resolveram escrever uma carta ao Sr. Dr. Francisco Nogueira Leite, Presidente da Parvalorem a explicar que os quadros devem estar expostos onde os meninos e as outras pessoas os possam ver, porque o Miró não os pintou para ficarem fechados num cofre!